“Humanização”
de animais de estimação gera negócios bilionários
Só em 2017, o faturamento foi superior a R$ 32
bilhões
Publicado
em 25/09/2018 - 06:48
Por Marli
Moreira - Repórter da Agência Brasil São Paulo
Cada vez mais, cachorros e gatos
dividem espaços com seus donos em casa num comportamento tão próximo ao dos
humanos, que envolve cardápios elaborados, direito a passeios especiais,
adestradores e salão de beleza. Hábitos que geram negócios bilionários e estão
em curva ascendente. Só o comércio varejista do mercado Pet faturou mais de R$
32 bilhões no ano passado, estimulando a abertura de novos pontos de venda e a
indústria do setor.
Dados da Associação Brasileira da
Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) indicam que, no ano
passado, os fabricantes de alimentos, medicamentos e acessórios para o mercado
Pet tiveram um faturamento de R$ 20,37 bilhões, o equivalente a 6,9% a mais do
que em 2016
Brasileiros
criam mais cães do que gatos - Fábio Pozzebom/Arquivo Agência Brasil
Em 2018, a previsão é alcançar R$
21,77 bilhões. Cerca de 68,6% desse total referem-se a produtos para nutrição
animal, que em sua composição levam milho, soja, arroz, trigo e carnes de aves,
bovinos e peixes.
Potencial
Para o presidente da Abinpet, José Edson Galvão de
França, a crise econômica fez os consumidores mudarem de comportamento. “Os
tutores de animais de estimação não deixaram de comprar, mas estão procurando
produtos mais em conta”, afirmou. O executivo reconhece, no entanto, que há “um
potencial gigantesco” a ser explorado.
Segundo França, há uma clientela atenta às ofertas
e aos serviços. Segundo ele, aumentou a demanda por uma série de serviços, como
banho e tosa, passeios feitos pelos pet walkers, adestradores e por creches de
animais. “Há uma conscientização de que é importante a socialização dos pets
não só com membros das famílias, mas com outros animais.”
Em relação ao aumento do leque de produtos, ele destacou
as opções de alimento completo e com versões para atender às necessidades
especiais e ainda a oferta de acessórios e produtos que “humanizam” esses
animais. Ele informou que para padronizar a qualidade na produção, foi criado o
Manual Pet Food Brasil, em sua 9ª edição.
Ranking mundial
O Brasil é o terceiro maior
mercado mundial, com uma participação de 5,1%, atrás apenas dos Estados Unidos
e do Reino Unido. Com base em levantamentos do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), a Abinpet observou que o país ocupa a terceira
colocação em número de animais (132 milhões) e só perde para a China (417
milhões) e os Estados Unidos (232 milhões).
Dados do Instituto Pet Brasil,
citados pela Abinpet, mostram que, no ano passado, o comércio varejista do
setor passou por expressiva profissionalização, tendo alcançado um faturamento
de R$ 32,92 bilhões entre serviços gerais, alimentos (Food), equipamentos e
acessórios (Care), produtos veterinários (Prod Vet), serviços veterinários
(Serv Vet) e vendas de animais de estimação.
As maiores movimentações
ocorreram no varejo especializado (pet shops), com R$ 26,61 bilhões. Desses, R$
1,27 bilhões são da venda de animais de estimação, 4,77% da demanda dos pet
shops. Na venda direta de animais pelo criador ao tutor, o volume atingiu R$
3,39 bilhões.
Já o montante dos alimentos
vendidos em supermercados somou R$ 2,03 bilhões ou 6,1% do canal de vendas. Em
2017, o faturamento do setor cresceu 5,8% sobre o ano anterior, quando havia
alcançado R$ 31,11 milhões.
Investidores
Os investidores estrangeiros
ampliam sua participação nesse segmento. Só neste ano, a rede Petz, que se
tornou líder no varejo após a entrada no negócio do fundo norte-americano
Warburg Pincus, já conta com 71 estabelecimentos espalhadas em sete estados
((São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás e
Mato Grosso do Sul) e no Distrito Federal.
O coordenador de marketing da
rede Petz, André Marinho, informou que até o final deste ano, o número deve
chegar a 80 e com a meta de continuar crescendo. A projeção, segundo revelou, é
atingir 120 pontos de venda até 2020.
Para Marinho, o mercado foi
estimulado tanto pela “humanização” dos animais, principalmente os cães, que
deixaram os quintais, indo para dentro de casa e hoje ocupando a mesma
cama de seus donos, quanto pela profissionalização do setor.
“Tem cursos na área, tratamentos
super diferenciados, adoção de animais resgatados das ruas e a questão do
afeto. Tem gente que deixa de comprar para si, para não faltar nada para o Pet,
que é colocado em primeiro lugar e a gente aposta bastante nisso”, disse.
Luxo
A lista de luxo dos produtos para
cães inclui até vinho e cerveja. São composições à base de ração feita com
carne, à qual são adicionados os aromas dessas bebidas. Seguindo o cardápio dos
humanos, há também brigadeiros e panetones. De acordo com Marinho, o mercado
Pet voltado para os gatos também está crescendo.
Os mais de 20 mil itens do
mercado Pet incluem alimentos, acessórios, brinquedos e farmácia para vários
tipos de animais. Nas megalojas, o espaço é dividido por setores, como Safári
(com hamsters, coelhos, chinchilas, porquinhos da índia e aves diversas), além
do Aquarismo, Cães, Gatos , Filhotes e variedades de flores e plantas.
No local, o cliente conta com
veterinários especializados no atendimento de cães, gatos, peixes, aves,
roedores e répteis. Nos fins de semana, são promovidos eventos de adoção em
sistema de parceria com organizações não governamentais (ONGs).
Edição: Renata
Giraldi e Graça Adjuto
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