China vai
sediar fórum internacional sobre cooperação em infraestrutura
- 12/05/2017 09h27
- Pequim
Ana
Cristina Campos – Enviada especial da Agência Brasil*
Banner em
avenida de Pequim anuncia Fórum do Cinturão e da Rota para Cooperação
Internacional Crédito Ana Cristina Campos / Agência BrasilAna Cristina
Campos/Agência Brasil
Com o objetivo de aumentar o
investimento em projetos de infraestrutura em países da Ásia, da Europa e da
África, a China vai sediar a partir de domingo (14) o Fórum do Cinturão e da
Rota para a Cooperação Internacional (The Belt and Road Forum for
International Cooperation, em inglês).
O evento em Pequim, que deve
contar com a presença de quase 30 chefes de Estado e de governo, é o mais
importante desde que a iniciativa Um Cinturão, Uma Rota (One Belt, One Road)
foi lançada em 2013 pelo presidente chinês Xi Jinping.
A ideia é promover uma rede de
infraestrutura, comércio e cooperação econômica ao longo dos mais de 60 países
que compõem o que a China planeja estabelecer como uma Nova Rota da Seda,
revivendo no século 21 as antigas rotas milenares que conectavam o Ocidente e o
Oriente.
A iniciativa é composta pelo
Cinturão Econômico da Rota da Seda, que busca ligar a China por meio de
ferrovias e rodovias aos países da Ásia, da Europa e da África, além da Rota da
Seda Marítima do Século 21, cujo foco são os investimentos em modernização de
portos nas regiões abrangidas pela proposta chinesa.
Para apoiar as obras de
transporte, energia e telecomunicações, foi estabelecido em 2014 o Fundo da
Rota da Seda, com US$ 40 bilhões de recursos. Além do fundo, em 2015, a China
criou o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura que, segundo o
governo, já aprovou financiamento para projetos no valor de US$ 1,7 bilhão.
Política externa
Segundo o embaixador do Brasil na
China, Marcos Caramuru, a iniciativa Um Cinturão, Uma Rota é a principal em
matéria de política externa chinesa com foco em conectividade e infraestrutura.
“O fórum nasceu da ideia da China
de aumentar sua conexão ferroviária, rodoviária e em infraestrutura em geral
nos países da antiga Rota da Seda, principalmente os países da Europa Central e
da Ásia. Mas, ao longo do tempo, os chineses ampliaram a ideia de conectividade
ao resto do mundo, que também se dá pelo mar. A ideia central é financiamento
de infraestrutura”, disse.
O embaixador destacou que há um
déficit na área de infraestrutura em diversos países há vários anos, em muitos
casos criado pelo fato de as organizações multilaterais que sempre apoiaram o
crescimento econômico terem se concentrado mais no financiamento de políticas
sociais.
“Os chineses, por outro lado,
fizeram um esforço próprio de investimento muito grande em infraestrutura que é
visível em rodovias, ferrovias, aeroportos, portos. Esse investimento é que
move a ideia de conectividade e é o potencial de sucesso da iniciativa, porque
ela preenche um gap (lacuna) que está aí há muitos anos e foi criando um
déficit de infraestrutura [no mundo]”, afirmou Caramuru.
Na avaliação do embaixador, os
chineses parecem ver nessa iniciativa o início de uma nova articulação
internacional, mas, conforme ressaltou, ainda é cedo para vislumbrar como se
dará o desenvolvimento dessa proposta após o fórum. “É algo entre um novo
mecanismo que trataria de uma forma ampla de infraestrutura e talvez um novo
embrião de uma concertação internacional mais expressiva”, acrescentou.
Caramuru lembra que a China, por
ser a segunda maior economia do mundo, tornou-se um país que naturalmente tem
uma projeção internacional.
“E essa projeção será tanto maior
ou não tão grande na medida em nós soubermos com mais clareza quais serão os
rumos da política americana. Quando a política americana determinou que ia se
voltar mais para dentro do que para fora, isso também abriu um espaço para que
a China se apresentasse como um país de grande projeção internacional”, completou.
Para o cientista político e
professor do curso de relações internacionais da Universidade do Estado do Rio
de Janeiro (Uerj) Maurício Santoro, o projeto de investimentos em
infraestrutura chinês está concentrado principalmente na Ásia Central e no Sudeste
Asiático. “A ideia é focar nesses países que estão no entorno geográfico da
China e fazer uma série de investimentos na infraestrutura conectando-os melhor
aos mercados chineses”, disse.
Fórum
As discussões da reunião de alto
nível deverão se concentrar nas áreas de obras em infraestrutura, investimento
industrial, cooperação econômica, comercial, financeira e marítima, recursos
energéticos, intercâmbio cultural e meio ambiente. A expectativa do governo
chinês é que sejam firmados cerca de 50 acordos de cooperação.
Além de líderes mundiais, como o
presidente da Rússia, Vladimir Putin, são esperados o secretário-geral da
Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, o presidente do Banco
Mundial, Jim Yong Kim, e a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional
(FMI), Christine Lagarde.
O embaixador Marcos Caramuru e o
secretário especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República,
Hussein Ali Kalout, vão representar o Brasil no fórum internacional.
*A
repórter viajou a convite do Centro de Imprensa China-América Latina e Caribe
Edição: Denise
Griesinger
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