‘Deus é
uma mulher preta’: Um filme sobre as mães negras periféricas
Data:
24/06/2016
em: Mulher Negra
Estudantes lançam campanha de financiamento
coletivo para viabilizar filme “Deus”, que vai retratar o cotidiano de mães
negras da periferia de São Paulo
por Thiago Gabriel no Vai de Pé
“Deus é uma mulher preta”. É a
partir dessa formulação que Vinícius Silva, 25 anos, estudante de cinema na
Universidade Federal de Pelotas, busca produzir um curta-metragem.
A ideia do filme “Deus”, que vai
trazer às telas o universo cotidiano de uma mãe negra na periferia de São
Paulo, nasceu da própria trajetória pessoal de Vinícius, que será o primeiro de
sua família a concluir um curso universitário.
“Minha vida deu várias voltas, já
fiz muita coisa errada e voltei. Eu pensei: ‘como que eu consegui chegar aqui?’
Quando pesquisei a fundo minha história, a resposta caiu nas mulheres da minha
família”, conta Vinícius.
O filme irá retratar a rotina de
sua tia, Roseli, trazendo, não apenas os aspectos negativos da vida na
periferia de uma grande cidade, mas também todos os momentos de alegria que
permeiam o dia a dia dessas mulheres.
Confira o trailer do curta:
“A gente não vê essas mulheres sendo retratadas. E quando vê, é um puro sofrimento. Mas a vida na periferia não é só sofrimento. Tem alegria, carinho”, explica o cineasta.
Ele lembra ainda a importância do
papel desempenhado pelas mães para os jovens de periferia.
“Na periferia, os caras muitas
vezes não respeitam lei, não respeitam nada, mas respeitam a mãe”, completa.
O título do projeto, que será
produzido também pelas estudantes Débora Mitie e Huli Balász, nasceu a partir
da música “Mãe”, de Emicida.
Na faixa, o rapper canta uma
homenagem à sua mãe e explana em um trecho “Desafia, vai dar mó treta/Quando
disser que vi Deus/Ele era uma mulher preta”.
Vinícius conta que, depois de escutar a música,
percebeu qual seria o tema de seu projeto de conclusão de curso, e se juntou
aos colegas para a realização de “Deus”.
“O filme, como representação da
realidade, busca dar visibilidade e homenagear essas mulheres que sustentam boa
parte do país. Mantêm a casa, tem que trabalhar e ainda educar seus filhos.
Ela é divina por dar a luz,
cuidar e ter bondade, mas também pela capacidade de colocar na linha. Sem elas
um preto pobre de periferia não chega aos 15.”
Quando começou a bolar o projeto,
Vinícius entrou em contato com a produção de Emicida, que autorizou
gratuitamente a utilização da música no filme.
Além de abordar a questão de
representação dessas mulheres no cinema de outra forma, o filme busca trazer
uma discussão simbólica, “quebrando a ideia de que deus é algo masculino”, como
explica Vinícius.
“Também queríamos provocar a
ideia de que Deus não tem sexo. Mas, para a sociedade, ele é Senhor, é um cara.
Para a gente, ele nunca foi um cara. É uma mulher.”
Para viabilizar a produção do
filme, os estudantes criaram uma campanha de financiamento coletivo no
Kickante, que busca cobrir os custos de produção para a realização do
curta. Clique aqui para contribuir.
Leia a matéria completa em: ‘Deus é uma mulher preta’: Um filme sobre as mães negras periféricas - Geledés http://www.geledes.org.br/deus-e-uma-mulher-preta-um-filme-sobre-as-maes-negras-perifericas/#ixzz4CjrfJ8im
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