A história das mulheres
negras fundamentais para a viagem à Lua
in: Mulher Negra
Há quem diga que o homem nunca pisou na Lua. Mas, mesmo que
você seja um dos adeptos da teoria da conspiração espacial, fato é que, para
Neil Armstrong conseguir dar um grande salto para a humanidade (seja no
satélite natural da Terra ou no set de gravações da farsa comandado por Stanley
Kubrick), temos muito a que agradecer aos “computadores”. E não falamos aqui de
supermáquinas – mas, sim, de super mulheres.
de Jessica Soares no HuffPost Brasil
Esse
era o nome oficial do cargo de um grupo de matemáticas negras responsáveis
pelos cálculos complexos e determinantes para a viagem comandada pela NASA.
Hidden Figures, filme que conta a história pouco conhecida desse time, tem
estreia prevista para fevereiro de 2017 no Brasil.
Hidden
Figures
A
escritora Margot Lee Shetterly começou a investigar a fundo essa história em
2010. Como seu pai trabalhou como pesquisador no Centro de Pesquisas da NASA,
Margot, nascida no ano da viagem à Lua, conhecia aquelas mulheres. Elas eram
colegas de seu pai, frequentavam a mesma Igreja, seus filhos estudavam na mesma
escola que ela quando garota.
“Crescendo
em Hampton [cidade do estado Virgínia, lar do mais antigo centro da NASA] a
face da ciência era marrom como a minha,” Shetterly afirma.
A
escritora contou ao Washington Post que ao conversar com seu marido – e notar
que ele, como muitos, desconhecia o nome das matemáticas e engenheiras cuja
contribuição para aeronáutica, pesquisa espacial e computação foi tão
importante – percebeu que era preciso tornar esse capítulo da história oficial.
Sua iniciativa teve o apoio de Mary Gainer.
A
historiadora da NASA havia começado a sua própria investigação sobre as
“computadoras” em 2011 ao esbarrar com uma foto dos arquivos da agência datando
de 1943. Na imagem (acima) estão cerca de mil pessoas em pé em um enorme
edifício.
Entre
os muitos engravatados, chamou a sua atenção a presença de algumas mulheres.
Mary encarregou sua estagiária, Sarah McLennan, com a responsabilidade de dar o
pontapé inicial nas escutas de antigos trabalhadores e trabalhadoras da NASA
para descobrir quem eram aquelas figuras.
A
história das mulheres negras que participaram de alguns dos maiores sucessos da
NASA foi contada no livro Hidden Figures, assinado por Margot Lee Shetterly,
que foi lançado em agosto de 2016 e inspira o filme homônimo estrelado por
Taraji P. Henson, Octavia Spencer e Janelle Monáe.
A
primeira mulher responsável por fazer esses testes complexos foi contratada em
1935, mas, durante a Segunda Guerra Mundial, esse número aumentou
significativamente. Enquanto em outras regiões dos Estados Unidos o fim do
conflito fez com que muitas mulheres deixassem o mercado de trabalho, na base
de Langley as matemáticas e engenheiras tornaram-se fundamentais na corrida
espacial.
Um
dos nomes mais importantes no campo foi Katherine G. Johnson
Um
dos nomes mais importantes no campo foi Katherine G. Johnson. Com talento
excepcional para os números desde a infância, ela concluiu o ensino médio aos
14 anos e o ensino superior na West Virginia State College aos 18 anos. Formada
em matemática, como muitas de suas colegas “computadoras”, ela era responsável
na NASA por determinar o tempo de lançamento da nave rumo ao espaço. Seus
cálculos precisos ajudaram a levar a humanidade para um passeio na Lua e
retornar em segurança para a Terra.
Mais
que números, fazia parte da complexa equação um contexto de profunda
discriminação. Além de desbravar um campo marcado pelo machismo, Katherine
precisou superar também o racismo e a segregação profundamente enraizados do
país. Foi apenas em 1954 que a Suprema Corte estadunidense decidiu ser
inconstitucional a separação de estudantes brancos e negros em escolas
públicas, um dos marcos do movimento dos direitos civis dos negros nos Estados
Unidos.
As
chamadas “leis de Jim Crow”, que institucionalizaram a segregação racial no
território americano, vigoraram até a metade da década de 1960. Martin Luther
King compartilhou seu sonho no icônico discurso proferido nos degraus do
Lincoln Memorial, durante a Marcha de Washington por Empregos e Liberdade, em
28 de agosto de 1963. A Lei de Direitos Civis e a Lei dos Direitos ao Voto só
vieram em 1964 e 1965, respectivamente.
Na
NASA não era diferente. As integrantes do primeiro grupo de “computadoras”
negras eram obrigadas a trabalhar separadas das mulheres brancas e a usar
banheiros diferentes. No restaurante da agência, uma mesa indicava o espaço
reservado para “computadoras de cor”.
Agora,
graças aos esforços do time de pesquisadoras, a história de Katherine G.
Johnson reemergiu e reverberou rapidamente.
A
produtora do filme, Donna Gigliotti, acredita que a onda de esforços para
diversificar a história da computação e encorajar mais mulheres a seguirem
carreiras nas ciências exatas ajudou a tornar o filme possível tão rapidamente.
No
aniversário de 98 anos da matemática, em agosto, #HappyBirthdayKatherineJohnson
foi um dos trending topics no Twitter. No ano passado, a Katherine recebeu a
Medalha Presidencial da Liberdade, maior condecoração civil dos Estados Unidos.
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